Áreas verdes e espaços compartilhados que facilitam a troca entre funcionários estão sendo priorizados.
Há praticamente um consenso de que o trabalho híbrido será adotado por um grande número de empresas. Como haverá dias em que o trabalho será presencial – no escritório, portanto – as companhias já começaram a preparar os ambientes para que eles sejam adequados para o “novo normal” pós-pandemia. Dentre as principais mudanças estão pontos de trabalho mais espaçados, dada a necessidade de distanciamento, e áreas de convívio social – com muito verde.
Por trás desse engajamento das empresas em busca de escritórios mais agradáveis está também a expectativa de que, quando chegar a hora do retorno, os funcionários queiram voltar, mesmo que por alguns dias da semana – e as companhias torcem para que isso não seja algo compulsório.
Na empresa de tecnologia Locaweb, que ocupa um prédio no Morumbi, zona sul de São Paulo, a decisão de reformar, principalmente para tirar os carpetes, já tinha sido tomada antes da pandemia. Uma dificuldade que vinha atrasando a obra era esvaziar o prédio.
Com o home office que transformou a vida corporativa da empresa há um ano e meio, a empresa bateu o martelo e decidiu que a hora da reforma tinha chegado. No entanto, a pandemia mostrou que a obra deveria abarcar novas necessidades que surgiram diante da crise sanitária, que foram incorporadas ao projeto, comenta a diretora de gente e gestão da empresa, Simony Morais.
“Decidimos por um ambiente mais descontraído e colaborativo”, diz a executiva. O retorno ao escritório, conta, ocorrerá com bastante cautela e de acordo com o avanço da vacinação dos funcionários. A ideia é ir levando os funcionários de volta, aos poucos. “Vai demorar muito para termos o escritório cheio.” Para aqueles que conheceram o novo escritório, o retorno tem sido positivo. “Temos visto um encantamento em relação ao ambiente, um local onde eles gostam de estar”, conta.
Trabalho híbrido
Simony destaca que, além do trabalho híbrido ser uma realidade, a empresa vem contratando pessoas apenas para o trabalho remoto. “Vemos muito isso com os desenvolvedores, que já são um pessoal que curtia trabalhar mais sozinhos. E vemos também que algumas pessoas na pandemia mudaram o estilo de vida e se mudaram para longe do escritório”, diz.
A presidente da consultoria para o setor imobiliário Newmark, Marina Cury, afirma que muitas empresas, entre os anos de 2014 a 2018, fizeram um movimento chamado de “flight to quality” de seus escritórios, ou seja, fizeram a mudança para espaços melhores. Agora, o que se vê é uma mudança de configuração dos espaços.
“Estão surgindo mais espaços de convivência e colaborativos. A sinergia entre as equipes é uma das grandes perdas com o trabalho 100% remoto”, avalia. Conforme a especialista, esse movimento de retrofit tem se concentrado em regiões em que o estoque de imóveis corporativos é mais antigo, caso da região da Avenida Paulista.
Um desses exemplos é do banco norte-americano Citi, que ocupa o mesmo prédio na avenida há 35 anos. De olho nas necessidades pós-pandemia, o edifício foi todo remodelado e adequado a questões de distanciamento social e à sustentabilidade, mais uma demanda da sociedade e dos próprios funcionários.
Imagem:Pexels
Fonte: Estadão