Assim como na Medicina, na Engenharia o termo patologia é descrito como o estudo de anomalias ou problemas do edifício e as alterações anatômicas e funcionais causadas no mesmo. No seu estudo, precisa-se considerar, normalmente, as possíveis causas, mecanismos, gravidade, urgência e tendência de desenvolvimento a curto, médio e longo prazo.
As manifestações são sintomas das patologias existentes. Se uma dor no peito pode significar princípio de infarto ou alteração de pressão arterial, fissuras em fachadas podem representar de risco estrutural a simples retração do reboco. Nesse contexto, uma das patologias que mais prejudica as edificações é a presença de chuvas e intempéries – vento forte, temporal, seca, calor tórrido etc -. Em um curso de síndicos que lecionei ano passado, esse foi o tema que mais gerou interesse e questionamentos. Nas Inspeções Prediais que realizo, igualmente.
A presença de micro-organismos como fungos, mofos e algas é uma das manifestações mais comuns em fachadas e se deve especialmente à junção de três fatores: presença de matéria orgânica, umidade e variação térmica.
Na Grande Florianópolis, por exemplo, o clima é subtropical úmido, com altas variações de temperatura e umidade atmosférica com médias de 80 a 90% durante o ano.
A abundância de chuvas é outra característica deste clima, o que não apenas agrava variação térmica e índices de umidade como traz consigo substâncias tóxicas e poluentes – em índices elevados e crescentes em grandes cidades – que encontra pela frente quando está caindo. Ou seja, o clima e as características demográficas da capital catarinense são propícios à presença de fungos, mofos e algas em fachadas, além de originar ou agravar também exposição de armaduras em estruturas, descolamento de tinta, reboco, pastilhas etc.
Por isso, cuidados no projeto, execução e manutenção devem ser dobrados e não apenas obedecer a requisitos mínimos, mas ser fruto de estudo dedicado a cada edificação para que esses problemas – que podem causar sérios danos à saúde -, sejam evitados, ou pelo menos minimizados. O primeiro passo é buscar mecanismos que diminuam os possíveis danos.
Para reduzir a umidade, é preciso entender sua origem, identificar em quais pontos ela ocorre – vazamentos, condensação, inundações, pingadeiras, telhado, solo etc – e cessá-la. Já a variação térmica pode ser reduzida com a utilização de materiais que diminuam o excesso de calor e atitudes que aumentem a ventilação. Por fim, a presença de matéria orgânica pode ser reduzida mantendo ambientes limpos e arejados, e com materiais adequados às condições locais.
Vale, e muito, lembrar que tinta não é apenas estética. Ela está ali para proteger. Em construções e reformas, poucas vezes se estuda a fundo o tipo de tinta e outros materiais a utilizar. Reduzir umidade, presença de matéria orgânica, variações térmicas e outras patologias são ganhos à segurança e valorização da edificação e da qualidade de vida dos condôminos. Por isso é tão importante planejar e contar com o profissional certo nessa hora.
Mário Filippe de Souza, graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina. Diretor Executivo da Econd Engenharia para
Condomínios.
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Fonte: Condomínio SC